Na comunidade de Lagoa Nova, localizada cerca de 34 km do município de Quixadá, Ceará, existe um quintal de esperança e cura, para chegar lá o passo tem que ser largo, pois o chão é arenoso e segundo a agricultora deste quintal, Dona Luciene Ferreira de Sousa de 57 anos, é a terra de melhor tipo para plantar feijão. O quintal da agricultora tem pé de quase tudo, primeiro vem o feijão que nos quintais da comunidade não falta, depois vem o tomate cereja, cheiro-verde, mamão, pimenta dedo de moça e muitas ervas medicinais que Luciene costuma chamar de ervas da mata. “A riqueza da mata está aqui, minha família planta comigo e nós colhemos de tudo um pouquim. Sempre gostei muito de verdura e nunca falta aqui no almoço daqui de casa, mas minha paixão mesmo é meus capim santo, cidreira, hortelã e eucalipto. Eu cuido de tudo que tem aqui, mas das minhas ervinhas, é tudo especial pra mim” comenta contente.
Quando a agroecologia chegou no coração de Luciene, ela abriu caminho para a luz entrar em seu peito e no chão do seu quintal, cada nova descoberta abraçou sua história e família. Depois de participar de intercâmbios em quintais de outras agricultoras e agricultores, promovidos pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), ela desenvolveu um olhar mais próximo da sua ancestralidade, o qual a possibilitou recuperar conhecimentos, saberes e fazeres de suas avós, mãe e tias. Toda essa riqueza ela partilha em seu quintal, seja no manejo das plantas, na separação das sementes crioulas, no respeito pelo tempo de cada pequenitude e grandeza. “Quando as formigas estão num pé de planta, a gente tem que deixar elas lá, porque elas precisa fazer seu trabalho, minha avó mesmo dizia. Hoje em dia o povo só quer saber de agrotóxico, pois aqui eu não uso veneno, se Deus criou as coisas foi para a gente cuidar de cada coisa e também aprender a viver com elas, minha avó mesmo falava” ressalta Luciene.
Luciene encontra a vida do Semiárido junto da agroecologia e de sua família, a agricultora comenta que sua vida também é para partilhar forças e experiências, para motivar outras mulheres a seguirem seus sonhos, ter autonomia e fortalecer o que as fazem bem. “Eu tenho orgulho de ser agricultora, nós não somos ricos, mas também não passamos necessidade. Sempre gostei de ajudar outras mulheres, aqui não tem isso de não ajudar ao próximo, se é para fazer, a gente faz. Hoje a mulher pode mais e nós precisamos nos juntar, permanecer unidas” comenta Luciene.
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