O Instituto Antônio Conselheiro (IAC) realizou nos dias 10 e 11 de maio, o Intercâmbio entre as comunidades: Retiro, Onça e Carauno. O encontro aconteceu na comunidade de Muxinató - Senador Pompeu na propriedade do(a) Agricultor(a) Familiar, Seu Francisco Leite e Dona Antônia, que no ano de 2013 recebeu a tecnologia de segunda água pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). A ação foi facilitada pela equipe técnica do IAC e reuniu 29 agricultoras e agricultores representantes das famílias beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) das comunidades citadas acima.

DE AGRICULTOR PARA AGRICULTOR. EXPERIÊNCIAS DE QUINTAL

No encontro foi realizado uma mística de apresentação das agricultoras e agricultores, recordando a resistências e as lutas dos povos do Semiárido para a garantia de direitos sobre a terra e a promoção de políticas públicas como direito. O Agricultor Familiar, Seu Francisco Leite, partilhou como se deu seu processo de transição e implementação de práticas agroecológicas como cultura de produção e orgulhoso demonstrou para as(os) agricultoras e agricultores como funciona o processo de irrigação por gotejamento de seu quintal, por meio da tecnologia de Reúso de Águas Cinzas, projeto executado pelo IAC em parceria com o Governo do Estado Ceará, a qual Seu Francisco Leite foi beneficiado no ano de 2017.

No arredor da casa do Seu Francisco Leite tem verde e a natureza ginga da terra e do peito. Experienciar como isso acontece no arredor de casa, é de fundamental importância e as agricultoras e agricultores viram de perto como ocorreu a implementação das tecnologias no quintal do Seu Francisco. Os olhares curiosos para saber como um quintal tem tanta pluralidade de espécies de plantas, despertou outros entendimentos de como tratar e ser parceiro da terra por meio de práticas agroecológicas.

Durante os dois dias do encontro as(os) agricultoras(es) tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a cultura dos quintais de produção agroecológica. Visibilizando algumas potencialidades apontadas por elas(es), foram apresentadas algumas atividades desenvolvidas no quintal do Seu Francisco, como: criação de galinha caipira, fruticultura, roçado e técnicas de manejo e armazenamento de água. Cada representante das famílias beneficiárias teve a oportunidade de partilhar suas experiências e dúvidas nesse encontro, nesse sentido ao final do encontro, os saberes colhidos tanto por parte da equipe técnica, como por parte das(dos) agricultoras e agricultores foi incorporado a educação de que por meio de atividades agroecológicas nos quintais se plantando tudo dá, tudo produz. Dona Alzenir de 51 anos, agricultora familiar e beneficiária do programa P1+2 com a tecnologia de cisterna calçadão, falou que para dar tudo certo, tem que ter dedicação todos os dias e disso ela demonstrou que tem de sobra. “Hoje a gente planta de um jeito e isso só tem a melhorar, tem que ter objetivo, tem que ter compromisso com a natureza”.

O impacto da implementação das tecnologias de convivência com o semiárido e o emprego de práticas agroecológicas para quintais de produção garantem a disponibilidade de água para a produção de alimento, aumentando a segurança e soberania alimentar das sua famílias, contribuindo para o empoderamento das agricultoras e agricultores familiares sobre seus direitos, potencializando ações para conviver bem com o semiárido.

P1+2

O IAC está executando o programa P1+2 (Programa Uma Terra, Duas Águas) em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), nos municípios de Quixeramobim e Quixadá e irá beneficiar 200 famílias. O P1+2 integra o Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, da ASA. Este programa executa a implementação de tecnologias sociais de acesso à água para ampliar as condições das famílias agricultoras produzirem alimentos, seja para o autoconsumo, seja para a comercialização de excedentes. No autoconsumo a alimentação fica mais diversificada e com maior qualidade nutricional e a comercialização de excedentes gera renda para as famílias. O P1+2 tem por objetivo promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras e fomentar a geração de emprego e renda para as mesmas. A estratégia para alcançar esses objetivos é estimular a construção de processos participativos para o desenvolvimento rural do Semiárido brasileiro. Fonte: http://www.asabrasil.org.br